A tradução da estrutura diagramática do verso metrificado praticado na Itália e na Provença resultou no verso mais conhecido e praticado em português — a redondilha maior. Trata-se de uma operação trans-individual, observada em uma escala temporal que atua em muitas décadas, talvez séculos. Sugiro [meu interesse em diversas formas de raciocínio diagramático] o termo “trans-diagramatização do verso”. Um verso metrificado é um exemplo muito notável daquilo que pode ser chamado de “diagrama acústico-visual”. Sobre sua história,
para Faleiros (2012: 88): “É certo que, ainda no século XV, a redondilha maior se torne o verso preponderante na poesia portuguesa. O próprio Martins ensina que, no Cancioneiro do Resende, a redondilha já é o verso predominante e seu uso é tão amplo que os primeiros gêneros cultos que chegam a Portugal da Itália (égloga) e da Provença (sextilha) são, primeiramente, imitados em versos de redondilha e não em decassílabos.”
Para Manuel Simões, “quase todos os poetas incluidos no Cancioneiro Geral adoptam o verso redondilho ou verso de redondilha maior […] metro que se consolidou e generalizou no século XV”.
Uma investigação sobre o verso metrificado como diagrama acústico-visual, e sua tradução como uma operação diagramática … está por ser feita!
Faleiros, Álvaro. 2012. Traduzir o Poema. São Paulo: Ateliê Editorial.
Simões, M. 1993. Redondilha (verso), Dicionário da Literatura Medieval Galega e Portuguesa. L. Lanciani & G. Tavani (orgs.). Lisboa: Caminho Editorial. p. 569.