Poetamenos é uma série de poemas de Augusto de Campos. Escrita entre 1952 e 1953, a série de seis poemas (poetamenos, paraíso pudendo, lygia fingers, nossos dias com cimento, eis os amantes e dias dias dias) foi publicada em 1955, na segunda edição da revista Noigandres.
Poetamenos é um ícone do serialismo de Anton Webern. A série de poemas transcria a técnica serial weberniana, através de um pequeno acervo lexical, fragmentação deste acervo, concisão e coesão criadas pela justaposição associativa e acumulativa dos fragmentos. Mais radicalmente, Poetamenos transcria a técnica que cria a dialética “som versus silêncio”, “coesão formal (para Augusto de Campos, “sem precedentes”) versus fragmentação”, e revela, reinventando-os intersemioticamente, os protocolos e os efeitos históricos criados pela técnica.

Algumas das propriedades transcriadas do serialismo weberniano, que inspiraram muitos compositores contemporâneos, foram a abstração da linha musical, a fragmentação da melodia entre registros graves, médios e agudos, a atenção a durações proporcionais e a permutação de elementos, além de simetrias temporais.
Marta Castello-Branco, Ana Fernandes, Joao Queiroz